Dentro da Ciência Política e do monitoramento que é feito por associações, confederações, sindicatos e empresas, há uma técnica de alta relevância para o sucesso na aproximação com tomadores de decisão: o mapeamento e análise de stakeholders. No mundo corporativo, o termo se refere a qualquer indivíduo ou empresa que pode ser impactada por um negócio, já no mundo político, os stakeholders são os indivíduos que possuem centralidade num ambiente de tomada de decisão, as partes interessadas, que podem sofrer impactos de ações desenvolvidas em projetos e/ou quaisquer ações de organizações no geral. O objetivo deste artigo, levando em consideração o atual contexto político, é compreender a atuação de um stakeholder extremamente ativo e habilidoso, e quem tem atraído holofotes da mídia: o senador e presidente do Senado Federal Rodrigo Pacheco (PSD/MG).
Por que o Presidente Rodrigo Pacheco é um Stakeholder?
Antes de tudo, qualquer Senador que ocupe o cargo da presidência da casa tende a ser um Stakeholder, já que acumula uma sequência de prerrogativas de extrema importância para o andamento dos processos e da formulação de políticas públicas: o poder de incluir itens na pauta, acatar requerimentos, abrir uma CPI. Ademais, uma prerrogativa de grande interesse de algumas alas bolsonaristas é um fato que está previsto nos Arts. 41 e 44 da Lei do Impeachment, isto é, a abertura de um processo de impeachment contra um Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF):
Art. 41. É permitido a todo cidadão denunciar perante o Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e o Procurador Geral da República, pelos crimes de responsabilidade que cometerem (artigos 39 e 40).
Art. 44. Recebida a denúncia pela Mesa do Senado, será lida no expediente da sessão seguinte e despachada a uma comissão especial, eleita para opinar sobre a mesma.
Diante desses fatores, além de ser uma parte interessada pelo fato de representar seu eleitorado e seu estado, que possui interesses nos projetos levados ao Senado, também goza de grande poder.
Por que o Presidente Rodrigo Pacheco merece destaque?
Rodrigo Pacheco tem exercido um papel intermediário entre a grande polarização política nacional. Se, por um lado, o presidente do senado viabilizou alguns desvios no Regimento Interno no Senado Federal para tramitar de forma acelerada a PEC Kamikaze, cujo interesse vinha diretamente do Presidente da República Jair Bolsonaro (PL), por outro, se torna um grande contraponto ao abordar temáticas eleitorais e para evitar outros abusos, como a oposição no projeto que tornaria o orçamento secreto obrigatório.
Além dessa oposição aos interesses governistas, Pacheco é firme quando se trata de ataques às urnas eletrônicas e a integridade das eleições. Nesse contexto, uma sequência de cartas de compromisso com a democracia foi publicada, vindas da OAB, da faculdade de direito da USP e da Fiesp.
“O Brasil terá no dia 2 de outubro uma eleição pelo sistema eletrônico de votação, gerida pelo Tribunal Superior Eleitoral, e com o resultado fidedigno nas urnas do que é a vontade popular. Esse resultado haverá de ser respeitado por todos no Brasil”.
Ainda segundo o presidente do Senado, o Congresso Nacional, no qual ocupa a presidência, não permitirá qualquer movimento que signifique retrocesso e autoritarismo.
Quem é Rodrigo Pacheco?
Nascido em Rondônia, mas foi criado em Minas Gerais, o senador é formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Tem vínculo com a OAB, sendo conselheiro estadual (2007-2012), presidente da comissão de defesa, assistência e prerrogativas (2010-2012) e presidente nacional de apoio aos advogados em início de carreira (2013-2015), conselheiro federal (2013-2015).
Teve sua primeira vitória nas eleições para Câmara dos Deputados, o qual exerceu o mandato de 2015 a 2019. Nesse período ocupou a presidência da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara por um ano. Em seguida, foi eleito senador com término do mandato previsto para 2027.
Os próximos desafios de Rodrigo Pacheco
O primeiro desafio que Pacheco continua sendo desafiado é manter um discurso de oposição sem flertar com o lulismo, permanecendo da melhor forma possível, neutro diante da polaridade. Mesmo com isso, não está impedido de conversar com os dois lados, e a prova disso foi o diálogo ocorrido com Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) em um almoço na República Oficial do Senado, em Brasília.
Em Minas Gerais, há uma aliança do PT com o PSD de Pacheco para o apoio do candidato a governador Alexandre Kalil (PSD), ex-prefeito de Belo Horizonte. Mesmo assim, Pacheco ainda não anunciou apoio a nenhum presidenciável.
Ademais, as pautas que ocorreram na reunião e abordadas por congressistas do PT são voltadas para as Eleições e Democracia:
“Foi mais em torno das preocupações do Lula. Lula colocou a preocupação com o processo eleitoral, mas também sobre o funcionamento das instituições, papel das Forças Armadas, do Supremo, do Senado. Lula insistiu muito isso, no funcionamento das instituições”. SENADOR PAULO ROCHA
O segundo é manter o discurso em defesa das urnas eletrônicas em um ambiente que tende a ficar cada vez mais caótico com a proximidade com as eleições. Ademais, se almejar sua reeleição no Senado, precisa saber onde apostar suas fichas para, quem sabe, conseguir o apoio do futuro presidente.
Graduando em Ciência Política na Universidade de Brasília (UnB) e Presidente da Strategos Consultoria Política Jr.
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