O Dia da Liberdade de Imprensa no Brasil é comemorado no dia 7 de junho, ser jornalista em um ambiente tão instável e polarizado tem sido um desafio, principalmente na realidade brasileira. E nesse contexto, homenageando a Liberdade de Imprensa, que esse artigo tem o objetivo de apresentar um levantamento histórico de intolerância, casos recentes de perseguição e ameaça, e uma conclusão sobre o contexto geral que desfavorece aquele que confronta os poderosos. Desde já, deixo meu apoio a todos e todas as jornalistas e profissionais da imprensa que se arriscam no dia a dia para garantir o direito à informação.
Vladimir Herzog e a Ditadura Militar
Fugindo do antissemitismo na Europa e Ásia, Vladimir Herzog e sua família buscaram abrigo no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. O imigrante se formou em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), trabalhou no Estado de São Paulo e BBC, e assumiu a direção do departamento de telejornalismo da TV Cultura. Vinculado ao Partido Comunista Brasileiro, Vladimir era atuante na resistência contra a ditadura ali instaurada em 1964, clamando por liberdade de imprensa e eleições diretas, princípios cruciais em uma democracia.
Em outubro de 1975, durante o governo de Ernesto Geisel, Herzog foi convidado a prestar esclarecimento sobre seu vínculo com o PCB. A versão oficial publicada pela polícia na época foi que, dentro da delegacia de polícia, o jornalista havia se enforcado com um cinto e cometido suicídio. No entanto, a imagem divulgada, mostra que o profissional estava ajoelhado após a sua morte, algo que torna extremamente improvável essa visão oficial apresentada na época. Testemunho de presos na época confirmaram o assassinato.
As recentes ameaças aos jornais e jornalistas
O profissional Lucas Neiva foi um dos responsáveis por desmascarar fóruns online responsáveis pela produção e disseminação de fake News. As estratégias eram claras para atacar Lula e a esquerda com informações falsas e isentar o atual chefe do executivo dos males atuais. Após a revelação, a 9º Delegacia de Polícia do DF irá investigar o vazamento de dados pessoais e ameaças de morte contra o jornalista.
Outro caso voltado para política nacional que vale o destaque foi a agressão ao fotógrafo da Folha de S. Paulo Dida Sampaio, durante uma manifestação em apoio ao presidente da república. O profissional foi obrigado a solicitar auxílio da polícia para sair do local. Por fim, após uma sequência de perguntas sobre suspeitas de corrupção na família Bolsonaro, o presidente afirmou ao jornalista do O Globo:
“Minha vontade é encher tua boca com uma porrada. Seu safado”
Um caso de alta relevância e seriedade
Outro ocorrido relevante foi a tentativa de atropelamento de Paula Araújo e a repórter cinematográfica Patrícia Santos em São Paulo. Na ocasião, o motorista fez ameaças contra as jornalistas e a emissora a qual trabalham: Globo. Em seguida, o motorista tentou atropelar a dupla que conseguiu desviar do carro na calçada.
A Realidade Atual da Liberdade de Imprensa
Por último, outro caso recente e altamente espalhado na imprensa internacional foi o desaparecimento do jornalista britânico do Guardian Dom Phillips e o servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Araújo Pereira. Eles estavam se deslocando ao longo de um rio no Amazonas, território conhecido pela invasão de caçadores, pescadores e madeireiros.
Em nota, o governo britânico afirmou:
“Estamos profundamente preocupados que o jornalista britânico Dominic Phillips e o indigenista Bruno Pereira ainda não tenham sido encontrados. Estamos cientes de que este continua sendo um momento angustiante para suas famílias e amigos.O Governo Britânico está provendo apoio consular à família do Sr. Phillips e em contato próximo com autoridades do mais alto nível no Brasil para se manter atualizado em relação aos esforços de busca e resgate.Entendemos que a localização remota da região impõe desafios logísticos consideráveis e já solicitamos ao Governo Brasileiro que faça todo o possível para apoiar a investigação do caso. Agradecemos a assistência prestada até o momento.”
Essa é a realidade que os jornalistas se encontram. Em um momento extremamente incerto, e repleto de pessoas dispostas a praticar crimes para evitar o compartilhamento de informações. A perseguição é feita, inclusive, por apoiadores, e não somente aquelas expostas nas notícias, o que agrava ainda mais a problemática.
Cabe aos leitores fazerem a análise sobre o grau de esforço que o poder público, seja ele municipal, estadual ou federal, apresenta para combater a violência contra jornalistas, ou em que intensidade permanecem negligentes ou até incentivam tal praxe.
Graduando em Ciência Política na Universidade de Brasília (UnB) e Presidente da Strategos Consultoria Política Jr.