Quando defendemos que “o vírus não discrimina ricos e pobres”, estamos nos esquecendo das pessoas que vivem à margem da sociedade, aquelas pessoas que vivem em cortiços, favelas e debaixo de pontes; esquecemos aqueles que não têm acesso a uma política de saúde pública eficiente; esquecemos das domésticas com 5 filhos que moram numa casa com dois cômodos e; isolamos, ainda, os idosos que só têm o auxílio do governo para sobreviver, quando têm.
A taxa de letalidade do vírus nas pessoas mais pobres é, sim, muito maior. Muitas das recomendações médicas, por exemplo, é de que as pessoas precisam ter os mais diversos cuidados higiênicos possíveis, bem como lavar as mãos com frequência ou usar álcool em gel. Pessoas que já vivem em um ambiente propício à proliferação de vírus e bactérias estão ainda mais expostas à Covid-19. Como citado no início, são 35 milhões de pessoas que não têm acesso à água tratada para sequer lavar as mãos com certa frequência.
É ainda mais preocupante quando, em momento de crise como o que estamos vivendo, as pessoas tendem a fazer disputas políticas pelo certo e errado.
O ministro da saúde, Henrique Mandetta, além de ter que lidar diariamente com o caos que se instalou com a chegada do novo coronavírus ao Brasil, ainda precisa reagir às falas precárias de Bolsonaro e seus posicionamentos que se dissociam da realidade sanitária do país.
Nesta segunda-feira (6), havia rumores da possível exoneração do ministro da pasta, mas logo à noite esta possibilidade saiu de pauta, após Henrique Mandetta anunciar que não deixaria o cargo, afirmando:
“nós vamos continuar, porque continuando a gente vai enfrentar o nosso inimigo. E o nosso inimigo tem nome e sobrenome. É a Covid-19”. Mandetta, em diversos momentos, tem repetido que “médico não abandona paciente, e eu não vou abandonar.”
O ministro da Saúde chegou a dizer, na sexta-feira (3), que ele juntamente à equipe técnica estavam preparando um projeto para que o sistema de saúde conseguisse suportar o caos caso o vírus começasse a se espalhar favelas adentro. Ele disse:
“Peço que as comunidades segurem, não deixem entrar em espiral antes de o sistema estar mais preparado para atender. Já que começou pelas classes a e b, passou um pouquinho pela classe média, mas não entrou nos bairros operários”.
Como a ajuda prometida pelo Governo federal e por administrações estaduais e municipais ainda não chegaram aos bolsos dos brasileiros, ONGs de moradores de comunidades buscam aliados para distribuir alimentos aos mais necessitados, além de informar as pessoas sobre a magnitude do vírus e como evitar a contaminação.
As comunidades precisam cooperar e sabem disso, mas o Estado precisa subsidiar ações para o enfrentamento do coronavírus antes que comecem a convulsionar o sistema de saúde. Enquanto o Estado “se prepara” para lidar com o problema, pessoas comuns, organizações sociais e empresas empregam esforços de solidariedade neste momento tão delicado.
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Guilherme Barros
Integrante da Metapolítica, graduando em Gestão de Agronegócios e Marketing Digital.