Na contramão dos mais diversos setores de produção do país, a agropecuária parece não ter sido abarcada no combo de destruição que esta pandemia trouxe. Claro, o setor teve de se preocupar com suas mão de obra, a fim de evitar uma disseminação massiva do vírus, principalmente nos frigoríficos, mas ao que tudo indica isto não impediu que o agro brasileiro batesse um novo recorde em seu valor de produção.
As exportações do agronegócio tiveram um novo recorde no período de janeiro a maio de 2020 e fecharam em US$ 42 bilhões, este é maior valor já acumulado em um espaço de 5 meses. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) este resultado representa um alta de quase 8% em relação ao ano passado.
De fevereiro a abril deste ano, o Brasil havia exportado cerca de US$ 50 bilhões em produtos gerais, segundo os dados da Secretaria de Comércio Exterior. Deste valor, US$ 16,438 bilhões referiam-se somente à exportação de soja e derivados de carnes, aproximadamente um terço do total. Vale ressaltar que já estávamos no olho do furacão, ou melhor, no meio da pandemia de Covid-19.
Havia uma certa expectativa para uma recuperação econômica brasileira neste ano, principalmente por parte do Ministério da Economia, sob comando de Paulo Guedes, mas não se esperava que enfrentaríamos uma labuta deste tamanho. Como nem tudo é sombra, o agronegócio mostra mais uma vez que o pilar fundamental para a sustentação econômica do país é ele mesmo.
A agropecuária deverá bater seu recorde em Valor Bruto da Produção, com uma alta estimada em 8,5% em relação ao ano passado. O valor passou de 648,4 bilhões de reais para 703,8 bilhões neste ano. O maior responsável por esse feito são as lavouras, com um crescimento de 11%, seguida da pecuária, com 3,9%. Importante ressaltar que esses valores têm ligação direta com a valorização do dólar, como informou a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).
O Valor Bruto da Produção (VBP) é utilizado para representar a estimativa de geração de renda do meio rural. O VBP é calculado com base na produção da safra agrícola e da pecuária, e nos preços recebidos pelos produtores nas principais praças do país, dos 26 maiores produtos agropecuários do Brasil.
A chegada do novo coronavírus no Brasil elevou o preço de quase todos os produtos agropecuários. A possibilidade de isolamento social com a chegada do vírus ao Brasil causou, no início da pandemia, picos de demanda que impulsionaram os preços.
Em 2019 o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro foi de R$ 7,3 trilhões, desse total, o agronegócio contribuiu com cerca de 21%, algo em torno de 1,5 trilhão de reais. Importante ressaltar que este é um estudo da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) que leva em conta não só o que é produzido dentro das fazendas, como é feito pelo IBGE, mas todos os elos da cadeia de produção (agroindústrias e agroserviços).
A previsão da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea para o produto interno bruto (PIB) do setor agropecuário é de crescimento de 2,5% em 2020, considerando o levantamento de safra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por outro lado, segundo os dados do relatório Focus, do Banco Central, o PIB brasileiro total deverá ter uma retração de 6,25%.
O fato de a agropecuária não declinar em tempos como este é simples: todos nós precisamos nos alimentar. Como ressalta o economista Simão Davi Silber, doutor em Economia Internacional e professor da Universidade de São Paulo (USP), para o portal Notícias Agrícolas:”a primeira necessidade é ‘comer’. E, para proteicos, o Brasil é fundamental”, afirmou.
Se é em momentos de tensão que reconhecemos verdadeiros heróis, desta vez daremos o pódio ao agro que num ano tão conturbado para a economia, afetada pela crise do covid-19, continuou suprindo normalmente o mercado interno, trazendo alimento para famílias brasileiras e barrando uma queda ainda maior no comércio exterior do país.
Guilherme Barros
Integrante da Metapolítica, graduando em Gestão de Agronegócios