A Taxa Selic no decorrer de quase seis anos administrada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) diminuiu sucessivamente, isso ocorreu devido a conjuntura de inflação baixa e a uma antiga demanda de indústrias e empresas, que queriam juros baixos para conseguir crédito mais barato e, assim, serem mais produtivas.
Esse ciclo acabou no dia 17 de março, quando o Copom decidiu por unanimidade aumentar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, de 2% para 2,75% ao ano. Este aumento da taxa, o primeiro desde 2015, surpreendeu o mercado financeiro. Na última quarta-feira, 05, confirmou-se o que já era esperado, uma nova alta, agora para 3,50% ao ano.
Mas afinal o que é a Selic e por que aumentar sua taxa?
A Selic é a taxa que baliza todos os juros da economia brasileira, como o dos empréstimos bancários e dos investimentos em renda fixa. A sua variação é determinante para as demais taxas de empréstimos e investimentos do país.
O Banco Central ao aumentar a taxa Selic busca conter a inflação. Em um cenário de economia enfraquecida, muito em parte devido à pandemia do Covid-19, e de inflação cada vez mais alta, um aumento da taxa Selic tem como objetivo conter essa inflação. Por outro lado, quando ocorre a baixa da taxa Selic, o objetivo é estimular o consumo e aquecer a economia, aumentando a inflação quando ela está abaixo da meta. Nos últimos anos, esse foi o cenário para a taxa Selic.
O que muda com o aumento?
Quando é feita alguma mudança na taxa Selic, o principal reflexo é nas taxas de juros diversas da economia: taxas de empréstimo, juros imobiliários, de financiamento, do cartão de crédito, etc. Com um aumento na principal taxa de juros, todas elas ficam consequentemente mais caras. Isso torna o acesso ao crédito mais difícil e desestimula o consumo. Ao mesmo tempo, o aumento da Selic também aumenta o rendimento oferecido pelos investimentos de renda fixa indexados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), tornando-os mais atrativos.
Segundo o Copom, com exceção do petróleo, os preços internacionais das commodities continuaram em elevação, com impacto sobre as projeções de preços de alimentos e bens industriais. Além disso, a transição para patamares mais elevados de bandeira tarifária deve manter a inflação pressionada no curto prazo, mantendo o diagnóstico de que os choques atuais são temporários, mas segue atento à sua evolução.
Incertezas e projeções
As expectativas de inflação para 2021, 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 5,0%, 3,6% e 3,25%, respectivamente. O Comitê ressalta que “em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, o processo de recuperação econômica dos efeitos da pandemia pode ser mais lento do que o estimado, produzindo trajetória de inflação abaixo do esperado. Por outro lado, novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem pressionar ainda mais os prêmios de risco do país. O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”.
Para a próxima reunião, no dia 16 de junho, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário com outro ajuste da mesma magnitude. O Copom ressalta que essa visão continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.