O PSDB segue com crises desde o início das eleições primárias em que disputaram principalmente o ex-governador de São Paulo João Doria e o governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite. Depois de uma eleição repleta de problemas, seja entre os candidatos ou suas bases de apoio, Doria ameaçou abrir mão de sua candidatura antes da hora prevista e calculada. Isso foi feito após o medo do pré-candidato de sua vitória nas primárias não ser cumprida e que uma ala do PSDB apoiasse publicamente a candidatura do derrotado Eduardo Leite. Agora, com uma derrota consolidada e após o resultado divulgado de uma pesquisa solicitada pelo MDB, Cidadania e PSDB, Doria oficialmente abre mão da candidatura. Esse artigo pretende mostrar um pouco dos motivos que levaram João Doria a abandonar a disputa pelo executivo federal e quais são as consequências para a terceira via.
Antecedentes de Doria
João Doria sempre foi um nome contestado no partido, e isso foi impulsionado pela grave divergência entre o ex-governador e Geraldo Alckmin (PSB), também ex-governador de São Paulo. Alckmin foi um dos principais influentes para a candidatura e vitória de Doria em São Paulo. Mesmo contando com essa aliança, Doria não foi impedido de, em 2017, buscar emplacar sua disputa para o governo federal logo nas eleições de 2018, algo que gerou rivalidade direta com o pré-candidato Geraldo Alckmin, que na época ainda era filiado ao PSDB.
A grande influência e força do padrinho não permitiu a decolagem de Doria e Alckmin foi consolidado como candidato pelo PSDB. No entanto, o flerte do recente governador paulista com o bolsonarismo e total apoio ao atual presidente durante a disputa do segundo turno agravou ainda mais as relações de ambos políticos, principalmente com a grande derrota sofrida pelo experiente tucano.
Se há algum momento que podemos chamar de carma político, foi essa atitude paga agora com a baixa adesão ao político para majoritária federal, inclusive dentro da cúpula do PSDB.
A Pesquisa que Derrotou João Doria
O MDB, PSDB e Cidadania autorizaram a realização de pesquisa que norteará a escolha do candidato à Presidência da República pela federação partidária. A pesquisa foi realizada pelo Instituto Guimarães Pesquisa e Planejamento, e o resultado foi apresentado no dia 18 de maio. Nessa pesquisa, foram feitas análises quantitativas e qualitativas nas quais os concorrentes foram João Doria do PSDB e a senadora Simone Tebet do MDB.
Na conclusão da pesquisa feita, a rejeição de João Doria foi um fator decisivo para Simone Tebet ser a vitoriosa para uma tentativa de representar a terceira via. Assim, os presidentes partidários Baleia Rossi (MDB), Bruno Araújo (PSDB) e Roberto Freire (Cidadania) chegaram a um consenso do nome vitorioso: Simone Tebet. A rejeição de 50% do paulista contra 20% foi fundamental para decisão e Doria concluiu:
“Hoje entendo que não sou a alternativa da cúpula do PSDB e aceito essa decisão de cabeça erguida”.
Em outra fala relevante, o presidente Baleia Rossi afirmou:
“A sensação da população é que essa polarização prejudica os brasileiros. Esse é um dado extremamente relevante para a construção de uma alternativa mais equilibrada, moderada, que busque responder aos problemas reais dos brasileiros, e não uma briga pela briga“.
PRONUNCIAMENTO DE BALEIA ROSSI
Quem olha essa notícia com baixas expectativas de uma decolagem é o pré-candidato pelo União Brasil Luciano Bivar. Após a decisão do partido de abandonar a coligação MDB, Cidadania e PSDB, Bivar afirmou que o partido tem “cacife para uma candidatura pura e muito bem representada”, mesmo não excluindo a possibilidade de se tornar vice. O lançamento da pré-candidatura no União Brasil está marcado para o dia 31 de maio.
O Resultado para Terceira Via
Com a saída do União Brasil da coligação, a terceira via permanece fragmentada e nenhuma candidatura decolou. Diante dessa problemática e da retirada de candidatura de João Doria, dando a vitória a Simone Tebet, cabe aos partidos colocarem na balança a melhor forma de subir nas pesquisas, principalmente levando em consideração um desconforto de 50% da população, segundo a pesquisa do instituto, com a polarização de Lula e Bolsonaro.
Sem o anúncio oficial de Simone Tebet e com a falta de um candidato referência para contrapor a polarização, a tendência de muitos puxadores de voto dos partidos é se dividirem, apoiando Jair Bolsonaro ou Lula. Essa divisão é natural para garantir os aliados corretos após a disputa eleitoral. Perante essa questão, cabe a Lula e Alckmin usar o histórico do vice-presidente no PSDB a seu favor para angariar mais votos, ou a Jair Bolsonaro mostrar que, mesmo cortando relações com o tucano, tende a ser uma melhor opção para o segundo turno.
Graduando em Ciência Política na Universidade de Brasília (UnB) e Presidente da Strategos Consultoria Política Jr.